Honesto no pouco

por Antonio de Oliveira Lima*

Hoje, 9 de dezembro, é o Dia Internacional de Combate à Corrupção, um câncer social que atormenta o Brasil e os brasileiros, envolvendo órgãos públicos, organizações privadas, autoridades e cidadãos comuns. Embora o pais tenha avançado no enfrentamento do problema nos últimos anos, ainda não tem a exata noção da profundidade de suas raízes. 

Além de combater, precisamos prevenir a corrupção. Como toda doença, ela poderá ser facilmente debelada se diagnosticada e tratada no início.  Mas, em grau avançado, ela causa grandes danos:  gera insegurança jurídica, afasta investimentos, reduz a eficiência da economia e a oferta de empregos. Também diminui a quantidade e a qualidade das políticas públicas, eleva o grau de pobreza e de desigualdade social, e fragiliza as instituições democráticas.

O enfrentamento à corrupção não pode ser visto como uma tarefa apenas dos órgãos de controle estatal, mas de todos os entes públicos, das empresas privadas, das organizações da sociedade civil e de cada um de nós, enquanto cidadãos. No ambiente escolar, acadêmico, organizacional ou comunitário podemos realizar muitas ações para prevenir o problema

Num de seus ensinamentos Jesus Cristo afirma: “quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito” (Lucas, 16, 10’). Assim, para que não cheguemos às práticas de grandes atos de corrupção temos que evitar a prática diária da chamada pequena corrupção A isso chamamos de prevenção primária, que se concretiza, dentre outras formas, mediante ações de conscientização sobre o tema com crianças, adolescentes e adultos. Essas ações são indispensáveis para a formação de cidadãos conscientes e resistentes às propostas de corrupção, seja ela pequena ou grande.

O que, quem, quando, onde, quanto e como fazer? Participe da campanha #todosjuntoscontraacorrupção. Comece na sua casa, na sua escola, no seu trabalho, na sua igreja, no seu sindicato, enfim, em todos os espaços em que você atua. Estude o assunto, capacite-se, realize projetos. Não espere que o outro te chame. Seja proativo, tome a iniciativa de chamá-lo, busque outras parcerias, forme uma rede colaborativa. Realize ações na sua comunidade, no seu bairro. Depois amplie a experiência a nível municipal e estadual. Divulgue as ações. Procure conhecer outras práticas, replique-as. Comece fazendo o possível e logo se descobrirá realizando ações que hoje considera impossíveis. Lembre-se: o que não surte efeito nenhum é não fazer nada. Então, comece agora.

* O autor é Procurador do Trabalho,  Vice Procurador-Chefe do MPT/CE, Coordenador Geral do Peteca, Coordenador Regional da Coordinfância e da Conap, articulador, mobilizador e coordenador de diversos projetos de prevenção e erradicação do trabalho infantil. Também faz parte da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), atuando principalmente nas ações de prevenção primária à corrupção. 

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